Terrine de jabuticaba e castanha do Pará e um 2018 novo de verdade

Confesso que tenho tantos caminhos a me enveredar nessa postagem quanto grupos e subgrupos têm se formado entre nós, brasileiros, em função de também tantos eventos ocorridos nesses últimos anos.

Não sou uma expert em assuntos de guerra - e nem quero ser - mas intuitivamente todos sabemos que quando queremos dominar nossos adversários, fazer com que eles se dividam e briguem entre eles é uma tática que ajuda deveras. Pois é esse o cenário nesses últimos dias de 2017 em Pindorama (nome dado pelos índios à nossa terra brasilis). Se essas nossas questões e problematizações servem a alguma coisa, ou a alguém, arrisco a dizer que só interessam a quem nos governa.

E não me refiro só à política não. Até uma celeuma desnecessária no campo das artes surgiu nesse ano. As divisões acontecem tanto e a toda hora que perdemos até o nosso referencial de qual tribo pertencemos. 

Juro que nos meus 54 anos de vida nunca vi uma pessoa demonstrar verdadeiramente seu estágio de consciência ou por ser religiosa/ espiritualista, ou pela sua dieta alimentar, ou pela sua orientação sexual, ou por qual ideologia ou filosofia é simpatizante. Nada disso faz alguém ser mais virtuoso ou mais "elevado" que o outro. A questão é que estamos muito empenhados em fazer com que o outro siga (ou reconheça) a nossa "verdade", e se esse por ventura não estiver na nossa vibe, pronto, passa a ser passível do nosso preconceito, críticas ou até exclusão.

Queridos leitores, teremos um ano de 2018 crucial para encerrar um ciclo que supostamente deveria ser de aprendizado e não cometermos os mesmos erros de outrora. Podemos continuar na mesma, melhorar ou até mesmo piorar todo esse processo duríssimo pelo qual temos passado há anos. A mudança está nas nossas mãos. 

Minha mensagem é, por favor, observe seu próximo com mais atenção e não o pré conceitue sem ter ao menos tido a chance do diálogo. Não passe a régua em questões que possam vir a ampliar seu modo de pensar ou agir. Ninguém é dono da verdade e também não existe uma só Verdade intangível. Claro que existem pessoas muito fora da curva e com essas é muito difícil de tentar ter uma troca de ideias no mínimo razoável. Mas até essas pessoas nos dão lições, no mínimo, de como não agir. Tudo é aprendizado, tudo é enriquecimento. 

Falam que na educação das crianças, são os grupos heterogêneos os que obtêm melhores resultados no processo de aprendizagem. Então vamos também seguir esse exemplo. Vamos resetar alguns comportamentos e abrir espaço para olhar a vida de maneira mais abrangente. Gaste o tempo que não leva a nada em ser mais ativo e criativo. Renove-se!

Li outro dia que não adianta ser um ano novo se você não o for. Permita-se fazer o exercício de não julgar o que não entender ou estiver fora do seu repertório. Estamos todos aqui nessa jornada na mesma, para tentarmos ser felizes. Então, não aporrinhe a si mesmo nem o seu próximo.

Desejo que 2018 seja um ano de mais ativismo e menos militância. Ah, e que seja feliz, claro!

Sobre a receita

Essa é uma Terrine que aprendi com a talentosa e queridíssima chef Dani Padalino da Banqueteria Nacional (aproveite e conheça seu trabalho maravilhoso). Recomendo porque é muito fácil e surpreende na sua apresentação e sabor. 

Terrine de Jabuticaba e Castanha do Pará

(serve como entrada para 6 a 8 pessoas)

Ingredientes

>terrine

600 g de cream cheese

150 g de geleia de jabuticaba - tem receita >> AQUI <<

100 g de castanhas do Pará picadas

>acompanhamento

chips de batata roxa, caqui e banana (esses últimos vendem no Mercado Municipal de São Paulo)

Nota: usei chips de batata roxa, mandioquinha, batata doce e batata asterix. O processo para fazer esses chips em casa está >> AQUI <<

OBS.: Fiz a desidratação de véspera, esperei esfriar totalmente e guardei os chips em saquinhos plásticos (pode ser pote com tampa também). No dia de servir, liguei o forno e preaqueci a 180 graus por 15 minutos. Despejei cada conteúdo dos saquinhos em uma assadeira e levei ao forno já desligado até que ficassem crocantes novamente.

Preparo

Deixe o cream cheese em temperatura ambiente para facilitar a execução (escorra o soro extra).

Forre com filme plástico um recipiente com 16 cm de diâmetro (aproximadamente) e que tenha também uns 5 cm de altura. 

Divida o cream cheese em 3 partes iguais, a geleia em 2 partes e as castanhas picadas em 3 partes (uma parte da castanha deve ser reservada para a finalização). Agora comece a fazer as camadas nessa ordem: cream cheese, geleia e castanhas. Repita mais uma vez e a última camada será de cream cheese. Cubra também com o filme e leve à geladeira por no mínimo 8 horas antes de desenformar.

Para desenformar retire o filme que está cobrindo, centralize sobre um prato bem largo e vire de uma vez. Remova o filme e cubra com as castanhas restantes. Decore com os chips.

Nota: levei minha terrine ao freezer por 30 minutos antes de desenformar.

Espero que tenham gostado. Bom apetite!