17 fevereiro 2017

Pão de fôrma para lanche (semi integral)

Pão de forma semi integral


Hoje o assunto é extenso (e polêmico). Peço que compreendam meu ponto de vista e entendam que não estou fazendo julgamentos. Só queria expor uma questão que foi levantada recentemente na internet pela pessoa que é a fonte da receita que trago hoje.

Rita Lobo é para mim uma inspiração constante. Considero seu programa no canal GNT, o "Cozinha Prática" simplesmente impecável. Receitas com ingredientes simples, acessíveis e rotineiros nas nossas quitandas e mercados e que com seu toque são transformados em refeições super caprichadas. Comida de verdade, aquela que alimenta corpo e alma. Pois foi um post no Twitter endereçado a ela que surgiu uma questão sobre essa onda de "medicalização da alimentação". 

Quando era criança, nos anos 1960, não haviam tantos alimentos ultraprocessados e nem cadeias de fast food em profusão. Após esse período e com a adesão em massa da tal "praticidade" na cozinha, muitas famílias se desconectaram da comida totalmente feita em casa. Isso criou gerações com problemas de sobrepeso e doenças decorrentes (aliado a fatores como sedentarismo e outros). Pois era mesmo de se esperar uma reação e retomada do estilo de cozinhar dos nossos antepassados. 

Mas - aí está o ponto do assunto de hoje - essa busca por alimentação saudável caminhou para o exagero. Alguns alimentos passaram a ser curiosamente execrados. Selos de "sem glúten" e "sem lactose" se tornaram sinônimos de comida do bem. Imagino que sequer se deem conta que as pessoas que têm restrições alimentares talvez dessem tudo para poder se alimentar daquilo que alguns, por modismo ou para ser "fit", aboliram dos seus cardápios.

Recentemente foi diagnósticado um distúrbio pela obstinação dos padrões daquilo que se come. Chama-se Ortorexia. Vejam o contrasenso, a pessoa fica doente na obsessão por comer saudável. Nenhum exagero é bom. O equilíbrio sim.

Vejam, sou uma pessoa defensora da boa alimentação. Mas ficar comendo só porque aquela comida é rica em flavonóides (que raios são flavonóides??) ou para manter o ph do sangue alcalino (hã?!?!) é uma perda de tempo e energia. Comida boa todos sabemos como é. É aquela que desfrutamos no nosso dia a dia. Pode ter o arroz (branco) com feijão carioquinha mesmo, que mal tem? Coma seu bolinho amanteigado, e se não for alérgico ou vegano, tome seu leite de vaca. Sempre usando o bom senso, não ache que só o que está na modinha das substituições é que é alimentação saudável.

Busca do prazer e comer sem culpa são parte de uma conquista a qual não devemos abrir mão. Alimentos quando bem usados são aliados, não inimigos.

E para encerrar, já que está no tema da receita de hoje, cito um tuíte da própria Rita: "Pão é um bom exemplo de como transformamos um alimento lindo em inimigo. Não há nada de errado com o pão de verdade".

Ah, e ainda trarei muitas receitas dessa temporada de verão do programa. Fiz quase todas, aprovadíssimas! Esse pão de hoje dei uma modificada na receita original para incluir farinha integral, só porque  gosto mais. Recomendo!


Pão de forma semi integral


Pão de forma semi integral

Pão de fôrma para lanche (semi integral)
rendeu 1 unidade para fôrma de bolo inglês


Ingredientes
1 colher (chá) de fermento biológico seco - para pães
1 colher (chá) de açúcar refinado
2 colheres (sopa) de água em temperatura ambiente ou morna (nunca quente ou muito fria)
1 e 1/4 xícara (chá) de farinha de trigo integral
1 e 1/4 xícara (chá) de farinha de trigo branca
1 colher (chá) de sal
1/2 xícara (chá) de água em temperatura ambiente
1/4 xícara (chá) de leite em temperatura ambiente
1 colher (sopa) de manteiga amolecida


Pão de forma semi integral

Pão de forma semi integral



Preparo
Em uma tigelinha, misture o fermento com o açúcar e as 2 colheres de água. Aguarde uns 5 minutos para ativar.

No bowl da batedeira, coloque as farinhas e o sal. Abra uma cava no meio e despeje o fermento ativado. Mexa e adicione a água aos poucos, misturando com a mão. Junte também o leite e a manteiga. Misture até formar a massa (fica um pouco grudenta).

Para sovar pode ser feito de 2 maneiras:
a) a mão até que não fique mais grudenta (mais ou menos de 15 a 20  minutos)
b) na batedeira planetária com a pá tipo gancho por 5 a 8 minutos.

Após essa sova, siga o passo a passo das fotos:



1) faça uma bola com a massa, cubra com filme plástico e deixe crescer em um ambiente quente e sem vento (mais ou menos 1 hora)
2) massa crescida, retire do bowl e dê soquinhos para sair o ar
3) abra um retângulo com a massa, um pouco maior que a fôrma
4) dobre as 2 partes do maior comprimento e dê beliscões na massa para grudar as partes
5) faça o mesmo com as pontas
6) coloque a massa com as dobras para baixo dentro da fôrma untada e enfarinhada. Cubra com um pano limpo e seco e deixe crescer até dobrar de volume (mais ou menos 40 minutos). Após crescer, borrife água na superfície para a casca ficar macia

OBS.: Faltando 10 minutos para finalizar o tempo do 2o. crescimento, preaqueça o forno a 220 graus Celsius.

7) leve o pão para assar nessa temperatura por 10 minutos. Depois abaixe a temperatura para 180 graus e deixe até que a superfície fique dourada
8) retire do forno, aguarde uns minutos para desenformar e deixe o pão sobre uma gradinha até esfriar totalmente. Só aí faça as fatias como pão de fôrma.

Nota: uma dica para saber se o pão está corretamente assado é dar umas batitinhas no seu fundo. Se fizer um som oco, está ok.

Bom apetite!




6 comentários :

  1. Boa noite Sandra, uma frase do Dr.Dráuzio que li outro dia diz o seguinte..."não coma nutrientes, coma comida de verdade, a velha e boa comida caseira".
    Aprecio as receitas da Rita, tbm já fiz esse pão, ficou ótimo.

    ResponderExcluir
  2. Amo a Rita Lobo, acho que é uma cozinheira muito coerente e as receitas dela são para a "massa" o que quero dizer com isso é que são fáceis, acessíveis à qualquer um, e super concordo que se não temos restrições médicas(verídicas) alimentares temos que sim fazer uso da comida de verdade. Essas "modinhas" só servem para encarecer determinados produtos, infelizmente sou alérgica a glúten e tenho que adaptar certos produtos, como o pão por exemplo mas o resto como de tudo. Ótimo seu texto.

    ResponderExcluir
  3. Você tem toda razão, Sandra, " Nenhum exagero é bom. O equilíbrio sim."
    parabéns pelo novo lay out do blog. Ficou lindo!
    Bj,
    Lylia

    ResponderExcluir
  4. A proliferação dos selos "sem glúten" e "sem lactose" tem justamente ligação com a industrialização dos alimentos da qual você fala no começo do seu texto.
    Não nos esqueçamos disso... Não acredito que seja modismo.
    Precisamos ir mais a fundo e nos perguntar o que está acontecendo com o glúten e com o leite de vaca atuais. Eles também não são os mesmos dos tempos de nossas avós.
    Leite de vaca cru e um bom pão de fermentação natural, talvez, sejam um bom começo de mudança.

    ResponderExcluir
  5. Muito Boa está Dismitificacao da atual "Medicalizacao" dos Alimentos muito bem exemplificado por Rita Lobo e CaldeiraodasBruxasSolar 👏👏👏 concordo em gênero número é Grau isto chama-se Bom Senso

    ResponderExcluir
  6. Muito Boa está Dismitificacao da atual "Medicalizacao" dos Alimentos muito bem exemplificado por Rita Lobo e CaldeiraodasBruxasSolar 👏👏👏 concordo em gênero número é Grau isto chama-se Bom Senso

    ResponderExcluir

Sua visita e seu comentário são muito importantes para o Caldeirão. Comentários somente com intuito de fazer propaganda serão deletados.

Obrigada e volte sempre!