14 dezembro 2014

Bolo Milagre

Bolo Milagre


"Quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo", disse o grande escritor João Guimarães Rosa. Permitam-me hoje queridos leitores a ousadia de divagar sobre palavras tão sábias.

Esse nada não seria a ausência de ação. Acredito que tudo sempre acontece - os eventos corriqueiros, por assim dizer - mas nada que desperte tanto a nossa atenção. Somente notamos algo passível de ser chamado milagre o que de certa forma, ao meu ver, venha precedido de uma súplica, um pedido desesperado, ou esperançoso, ou até como barganha oferecendo em troca uma promessa "meu deus, se for atendido, passarei um ano sem comer chocolate". Quem nunca?

Pois acredito que o milagre é a nossa conexão constante com as forças divinas, que nos dá a dose certa diante de cada necessidade. Se o caso é de uma doença grave e acontece uma cura, lá vem um milagre categoria 1. Mas na verdade, o que eu gostaria de conjecturar é sobre os milagrinhos que vêm em doses homeopáticas, aqueles que nem notamos e que de gotinha em gotinha são os grandes responsáveis por tudo aquilo que somos e possuímos.

Sem querer ser piegas, ou clichê, mas a cada respiração nossa acontece um milagre, o milagre da vida. Será que nos damos conta disso? Será que lembramos de sermos gratos à isso?

Outro milagre, quer ver? Ter alimento à mesa todos os dias, em todas as refeições. Não basta agradecer somente por termos recursos suficientes para ir ao supermercado e comprá-los. Mais importante que isso, é ampliar essa gratidão pela terra onde ele foi plantado e cultivado, pela água que o regou, pela mão do homem que trabalhou nesse processo. Existem muitos milagres interrelacionados ao seu próprio, assim como uma teia de influência. Devemos ter consciência e gratidão por todos eles. Todos passamos a ser então instrumentos de uma força maior.

Não quero aqui abrir o meu coração motivada por essa época do ano, que evoca sentimentos fáceis de amor ao próximo. Gostaria de apenas sugerir essa reflexão. Consciência por tudo o que temos, gratidão pelas coisas que nos chegam e aceitação pelos processos duros com os quais aprendemos lições e fazemos essa jornada ter valido a pena.

Quanto ao bolo de hoje, veio de um livro muito singelo, cheio de receitas que marcaram afetivamente a vida da autora Bia Forte. O título é aquela tal frase que todos nós ouvimos pelo menos uma vez na infância "Quem comer tudo ganha sobremesa" (Panda Books). O "milagre" que dá nome ao bolo vem do fato que não leva farinha, bate tudo no liquidificador e como por encanto (diria a bruxa) ou milagre (segundo a autora) vira um bolo. Receitinha muito fácil, ideal para quem está iniciando na cozinha. Vamos lá?



Bolo Milagre


Bolo Milagre

Bolo Milagre
(fôrma pequena com 20 cm de diâmetro ou similar)


Ingredientes
1 lata de leite condensado (395 g)
1 vidro de leite de coco (200 ml)
1 pacote de coco ralado seco (100 g)
1 colher (sopa) de manteiga sem sal em temperatura ambiente (20 g)
3 ovos em temperatura ambiente
1 colher (sopa) de fermento químico - para bolos

Bolo Milagre

Preparo
Preaqueça o forno a 180 graus.

Prepare a fôrma untando com manteiga e revestindo a base e laterais com papel manteiga (eu uso um chamado Assa + Leve, é bem melhor). 

Bata todos os ingredientes no liquidificador. Despeje na fôrma preparada e leve para assar até dourar a superfície e notar que a massa não está mole ao chacoalhar levemente a fôrma. Aguade amornar para desenformar. Decore ao seu gosto. Na sugestão usei raspas de limão e laranja cristalizada.


Bolo Milagre



Nota: no livro não havia a referência para revestir a fôrma com papel. Como ia desenformar o bolo e como a consistência da massa é muito líquida (não se assuste), achei mais seguro usar o papel. Tem outra finalidade, no caso da pessoa ser alérgico ao glúten e não poder usar a farinha.



Um comentário :

  1. Gostei da reflexão, Sandra! Estou sempre atenta aos pequenos milagres de cada instante.E não são poucos...
    Aproveito para deixar meu abraço de Boas Festas e os votos de um 2015 muito feliz.
    Bj,
    Lylia

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