O passado não retorna, o futuro é apenas uma abstração e o presente, esse ínfimo e fugaz espaço de tempo, é o único momento que temos para fazer algo verdadeiramente importante que influencia aqueles outros dois. Essa Bruxa está divagando muito hoje? Bem...
Pois esse tem sido um dos meus pensamentos mais recorrentes ultimamente durante minhas caminhadas diárias, o tempo e a evolução dele. Quem não inveja a ficção que cria situações e traquitanas para viajar do passado ao futuro para reviver ou antever passagens de nossas vidas?
Um dos filmes segundo esse tema que mais me fez pensar ultimamente foi o ótimo "Questão de Tempo" (About Time). O protagonista adquire o dom, ao atingir uma certa idade, de viajar no tempo e modificar pequenos detalhes, ou fazer certos ajustes para influenciar o momento presente. Certo que minhas elucubrações à respeito do tempo não teriam a pretensão de voltar ao passado para fazer algo diferente. Penso que o que está feito, está feito, e se assim foi era porque tinha que assim ser. Imagino que se pudesse voltar no tempo seria para estar novamente naquele momento apenas, curtir de novo. Mas há o perigo de se assistir novamente algo que causou uma boa impressão naquela época, e agora essa não parecer tão importante ou mágica assim. Coisas e fatos acontecem e nos marcam em determinado momento de acordo com vários fatores: idade, experiência, maturidade, expectativas. Será que reviver o primeiro beijo com a experiência dos anos atuais teria o mesmo encanto como da primeira vez? Acredito que voltar a um momento que virou especial justamente porque foi único não parece ser um bom negócio.
Então, ainda nas minhas viagens concluo, se não quero voltar ao passado nem para modificá-lo ou para não perder a sensação já vivida, e se também não quero saber do futuro para não estragar a surpresa que essa jornada me reserva, então por que não estar somente aqui mesmo, no único lugar que é perfeito e traz exatamente o que precisamos, o aqui e agora?
Bem, então se é para não fazer igualzinho, podemos recriar algo que nos fez bem, ou que costumávamos gostar ou que nos acalenta, traz felicidade, ou que de alguma forma apenas puxa da memória um pouco daquela sensação que uma máquina do tempo nos daria.
A recriação pode se dar de tantas formas! Mesmo que se siga à risca uma tal receita antiga, os anos passaram, sua mão mudou, sua experiência aumentou, nunca sairá igual como antigamente. Foi por esse motivo que voltei no tempo de criança, tempo de filha e trouxe um dos ícones da criançada da época, o Bolo Nega Maluca.
Mudei pequenos detalhes fazendo jus ao que tenho incorporado na vida como experiência. Não sei se fazia sentido copia-lo tal e qual naquele tempo. Foi uma recriação. A sensação à cada mordida e especialmente ao fechar os olhos, trouxe aquela sensação de criança, de prazer, de inocência, do passado que foi feliz.
Foi fácil fazer minha máquina do tempo apenas com alguns prosaicos ingredientes. Tempo de mãe fazendo mimos, de brincadeiras, de grandes expectativas para a vida. Minha máquina é um moto contínuo, porque assim como me transportou ao passado de filha, também me permitiu navegar com minha (eternamente) pequena filha nesse portal mágico que é ser mãe.
E a todos os que desempenham esse papel, o de mãe na vida de seus entes queridos, essa é a minha homenagem e os meus votos de um Feliz Dia das Mães!
Bolo Nega Maluca (com toques da bruxa)
(fôrma retangular 23 x 35 cm)
Ingredientes
>bolo
2 e 1/2 xícaras (chá) de farinha de trigo peneirada
1 xícara (chá) de açúcar peneirado
1 xícara (chá) de chocolate em pó peneirado (não use achocolatado) - usei Callebaut
3/4 xícara (chá) de azeite
3 ovos em temperatura ambiente
1/2 colher (sobremesa) de canela em pó
1/2 colher (chá) de cravo em pó
1/2 colher (chá) de noz moscada ralada na hora
1/2 colher (chá) de gengibre em pó
1 colher (chá) de bicarbonato de sódio
1 colher (sobremesa) de fermento em pó químico - para bolos
1 xícara de água quente
>calda
3 colheres (sopa) de manteiga
3 colheres (sopa) de leite
1 xícara (chá) de chocolate em pó - não use achocolatado
1 xícara (chá) de açúcar refinado
Preparo
>bolo
Preaqueça o forno a 180 graus. Unte e enfarinhe a assadeira.
Em uma tigela média coloque todos os ingredientes com exceção da água. Misture à mão, ou com uma colher de pau ou com um batedor de arames (fouet) até conseguir uma mistura homogênea. Acrescente a água aos poucos e vá dissolvendo a massa a cada adição. Despeje a mistura na assadeira e leve para assar até ao espetar um palito no meio do bolo esse saia seco.
>calda
Coloque os ingredientes em uma panela de fundo grosso e leve ao fogo médio, misturando até obter uma calda brilhante e lisa e atingir o ponto de fervura. Desligue o fogo e despeje ainda quente sobre o bolo.
Nota: dependendo do teor de gordura da manteiga pode ser que seja necessário acrescentar mais 1 colher de leite, mas aguarde tudo estar derretido para sentir.
Gostaram? Bom apetite!
Minha nossa Senhora, que texto delícia! Esse filme realmente nos faz pensar nisso, e querer também fazer dos pequenos, grandes momentos. Pois esses são os que realmente levamos na memória enquanto vivemos. Chorei pouco ao ver o filme, viu? E com certeza o bolo foi uma ótima pedida, pois duvido que alguém não tenha boas memórias ligadas à uma boa receita de bolo de chocolate, ou especialmente a "Nega Maluca"... Amei :)
ResponderExcluirFeliz dia das Mães, Sandroca!
Obrigada querida! Feliz dia das mães pra você também!
Excluirtotally looks great!!
ResponderExcluirThank you Tomina!
ExcluirEstá fantástico!
ResponderExcluirFeliz dia das mães!
Lindo texto e bolo maravilhoso, convidativo mesmo! Vou experimentar ! bjs
ResponderExcluirDelicioso!
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