11 fevereiro 2013

Bolinho de chuva da vovó

Bolinho de chuva

A vida é feita de momentos, como uma grande colcha de retalhos. Os grandes ou significativos de certa maneira ficam tão marcados que não é necessário muita coisa para lembrarmos deles.

Mas os pequeninos, aqueles corriqueiros ou os ditos banais, como experiências, ritos de passagem, fatos ou coisas as quais nos acontecem e não damos importância imediata ficam registrados como parte de um todo que chamamos de experiência e que moldam e definem parte da nossa personalidade.

Muitas vezes ficam no esquecimento, mas basta uma pequena fagulha de lembrança que reaparecem e nos levam de volta àquela época ou nos recriam a mesma sensação. Esse start pode ser uma foto, um cheiro conhecido, uma época do ano, um lugar ou até uma coisa a qual gostamos e temos boas recordações, como um quitute que alguém carinhosamente costumava fazer para nós.


Um dos motivos da existência do Caldeirão é registrar as receitas que fazem parte da minha estória de vida, ou de nossa família. Hoje portanto trago um prosaico bolinho de chuva, certamente uma receita que já foi feita em muitas casas, por muitas pessoas queridas. A minha não foge à regra.

Mais importante ou tanto quanto dessa receita é a recordação que guardo dela. Tenho a minha própria de criança, e essa é preciosa, mas a que quero compartilhar é outra. É a de uma avó que mora em outra cidade e que fazia esses bolinhos para sua netinha no café da manhã toda vez que essa ia visitá-la.

Sim, estou falando de minha mãe que fazia os bolinhos para minha filha quando essa ainda era menininha. Não havia vez que ela não pedia para a vovó, que fazia com gosto, e propunha a brincadeira de adivinhar a forma que esses bolinhos ficavam quando a massa era despejada no óleo quente.

Nesse último sábado, como parte de um café da manhã especial ofereci para minha filha os "bolinhos da vovó". Ela lembrou dessas estórias, e claro, lembrará com carinho para sempre, sempre que der uma mordida num simples bolinho de chuva.

Bolinho de chuva

Bolinho de chuva
(renderam 18 unidades)

Ingredientes
1 ovo batido ligeiramente
1 colher (sobremesa) de manteiga sem sal amolecida
1 xícara (chá) de farinha de trigo
1 colher (sopa) de açúcar
1 pitada de sal
1 colher (sobremesa) de fermento químico - para bolos
70 ml de leite
óleo para fritar
>para finalizar
3 colheres (sopa) de açúcar
1 colher (chá) de canela em pó

Bolinho de chuva


Preparo
Coloque o ovo batido em uma tigela média, acrescente a manteiga, a farinha, o açúcar, o sal e o fermento. Misture até ficar uma farofa. Junte o leite aos poucos, mexendo a massa até homogeneizar.

Coloque o equivalente a dois dedos de óleo em uma frigideira de fundo grosso. Quando esquentar, use uma colher de sopa como medida e despeje pequenas porções da massa para fritar. Deixe em fogo médio para não queimar, garantindo que fiquem dourados e cozidos por dentro. Vire o lado e frite até dourar. Escorra com uma escumadeira e coloque-os em papel toalha. Passe-os ainda quentes um a um pela mistura do açúcar com a canela (veja fotos).


Bolinho de chuva

Sirva em seguida ainda quentinhos. Bom apetite!



14 comentários :

  1. Oi Sandra!!!

    Que lindo post! Me emocionei!!!
    Me fez lembrar das minhas avós que já se foram... que saudades! É tão bom recordar e ter esses tesouros, chamados memórias, dentro de nós... E é isso que faz a vida valer a pena!

    Adorei a receita, que é bem propícia para as "águas de Março" despejadas em pleno Janeiro!

    Bjs

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    1. Cintya minha flor, muitas vezes ao reproduzir uma receita de família é como tê-las por perto. A saudade aumenta, mas só não está presente quem foi completamente esquecido, né?
      Beijão querida

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    2. Querida Sandra, a tua frase "a saudade aumenta, mas só não está presente quem foi completamente esquecido" e de beleza impar! Eu fazia o papel de vovó aqui em casa, pois desde criança me esmerava na cozinha para agradar meu querido paizinho. Ler sua frase me reafirmou a certeza de que, apesar de não mais poder fazer mimos para meu amado pai, que partiu para a eternidade há exatos 2 anos,ele sempre estará presente comigo, pois jamais será esquecido. Em homenagem a ele, farei logo mais seu bolinho de chuva, o qual está combinando com o clima daqui de Salvador, graças a Deus, molhado por agora.

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    3. Shirley querida, obrigada pelas suas palavras doces.
      Mas é verdade, quem trás os seus queridos na lembrança e no coração não os perde nunca. Quando também há dois anos meu pai teve que ir para encontrar outros caminhos, percebi que ele está comigo sempre que eu pensar nele. Isso me reconforta.
      Falo que na vida nós não "temos" pessoas, não temos pai, mãe, irmãos. Nós nos "emprestamos" momentaneamente uns aos outros nessas condições. Somos todos companheiros de jornada, e quando termina esse "empréstimo", a pessoa tem que ir.
      Que bom que você pensou em seu pai e espero que teus bolinhos tenham ficado com esses ingredientes extra de carinho, amor e saudade.
      Grande beijo!

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  2. Ficaram tão lindos, raramente como fritos mas não resistia a esses bolinhos .
    Boa semana
    bjs

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    1. São, também não sou amiga das frituras, mas de vez em quando abro exceção. Beijos

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  3. Com esse aspecto só podem ser deliciosos!

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  4. Ai que delícia!!Não tem como não pensar em bolinho de chuva nesses dias chuvosos!!!Adorei :-)!!!

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    1. Cintia, pensando sempre em você menina! Muitos beijos

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  5. Isso mesmo amiga bruxa. Não tem como pequenas pedaços de colcha de retalho não nos trazerem lembranças gostosas que sempre estarão lá em alguma gavetinha. Me emocionei com o seu relato, claro que fiquei com vontade dos bolinhos, e lembrei dos meu pais. Eles tiravam um domingo cedo para pegar um ônibus até a Praça XV (no Rio de Janeiro), depois a barca para atravessar a Baía de Guanabara só para comprar peixes e frutos do mar no Mercado de São Pedro em Niterói. A volta para casa era sempre uma festa tratando todos aquelas delícias na cozinha. Meu pai fazia um talharim num molho de azeite, cebolas, sardinhas e pão italiano seco e ralado. Jamais esquecerei o sabor desse talharim...

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    1. Ariadni minha querida, imagino que delícia eram esses domingos. Que bom ter tido a sorte de viver esses momentos e guardar para sempre essas lembranças.
      Isso não tem preço.
      Um super beijo

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  6. Oi Sandra,

    devo confessar que fico pouco na cozinha, já que tenho pouco tempo e não posso me "esbaldar" comendo! (quanto menos coisa boa tiver em casa, melhor!)

    Mas o que me cativou no teu blog (e por isso sou seguidora fiel), além da facilidade e qualidade das receitas, foi, principalmente, o ingrediente afetivo sempre presente!!! Este não engorda e só faz bem!

    Então, apesar de gostar e até ser tentada a experimentar tudo o que tem aqui, é mais provável que eu me deleite só em acompanhar!

    Um abraço e parabéns!

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    1. Carla
      Muito gostoso receber um comentário tão sensível quanto o seu.
      Costumo dizer que "alimento" é um termo muito amplo. Não é só o que ingerimos, mas o que absorvemos dele, do modo mais denso ao mais sutil.
      Como sempre digo, a melhor comida do mundo é aquela que alguém faz pra outra com carinho. O resto é técnica.
      Um super beijo e venha sempre!

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